quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre amor e libélulas


Um dia desses estava escorado na janela de um hotel qualquer quando uma libélula pousou a poucos centímetros do meu braço.Na hora, eu não sabia ao certo se aquilo era uma libélula, ou uma cigarra, ou um inseto gigante qualquer.Nunca soube, e os poucos segundos que perdi tentando classificar o bicho foram suficientes para que ele sumisse.Bateu asas e escafedeu-se entre as árvores.

Eu tenho uma ligação especial com libélulas.Foi correndo atrás de uma que eu estabaquei no chão, fraturando uma costela, perfudando o baço e sofrendo uma hemorragia interna que por pouco não me matou.Tinha cinco anose, desde então, convivo com uma cicatriz que me atravessa o abdome, lado a lado.Tudo que eu queria era vê-la de perto, justamente para me certificar se o bicho em questão era cigarra, libélula ou "se-lá-o-que-fosse"

Se a necessidade de classificar uma libélula me rendeu duas semanas de internação imagino o que me aconteceria se eu ficasse tentando classificar meus sentimentos.Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro.Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passatempo...Não tenho a mínima idéia, e nem quero ter!São inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar o todo minuto algo que, ás vezes, é simplesmente inclassificável pode resultar em muito mais do que um baço perfurado.

Às vezes, perdemos a noção de que cada minuto da nosa vida pode ser o derradeiro de que cada ligação telefônica pode ser a última, bem como aquela pessoa, de quem você ainda não sabe se gosta, pode ser o seu último romance.

Lulu Santos pediu, a gente obedece:

"Hoje o tempo voa, amor
E escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor

Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir!"

O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes.Corra atrás da sua libélula, sem dedo de se machucar.Viva o seu romance.Viva o seu último romance.

by:Lucas